Nesse final de semana (entre os dias 19 e 20 de abril), ocorreu a primeira semana do Pro Quest Singapore: um evento de classificação para o Pro Tour: Singapore, que acontece ao longo dos meses de abril e maio. Por serem eventos mais importantes (de Tier 2), eles distribuem pontos de Living Legend para os heróis vencedores e, consequentemente, alguns atingem esse status nesse meio tempo.
Coincidentemente, dois heróis da mesma coleção atingiram esse status nesta semana: Enigma, Ledger of Ancestry e Zen, Tamer of Purpose. Então, hoje, com quase todos os heróis de Part the Mistveil atingindo o Living Legend, vamos olhar mais a fundo e entender como uma coleção com menos de um ano conseguiu ser tão forte.
Sobre Part The Mistveil
Em junho de 2024, o Flesh and Blood vivia um dos metas mais abertos de sua história. Após Dromai, Ash Artist atingir o status de Living Legend, diversos decks se viram livres para competir, e muitas inovações surgiram no cenário. Na época, Kayo, Armed and Dangerous, Kassai of the Golden Sand e Victor Goldmane, High and Mighty eram alguns dos decks presentes nas mesas competitivas, mas havia espaço para outros. Até mesmo Teklovossen, Esteemed Magnate encontrava seu lugar no meta.
Foi nesse contexto que uma das coleções mais aguardadas e poderosas chegou ao Flesh and Blood: Part the Mistveil.
A coleção trouxe três novos heróis ao jogo — Nuu, Alluring Desire, Enigma, Ledger of Ancestry e Zen, Tamer of Purpose — além do novo talento Mystic. A premissa dos heróis era simples: usar mais cartas azuis no deck, gerar Inner Chi e executar seu plano de jogo. A princípio, a coleção já parecia forte, com Enigma se destacando como o novo melhor deck.
No entanto, o meta passou por uma grande reviravolta, resultando em um dos períodos mais desequilibrados do Flesh and Blood.
Zen, Tamer of Purpose
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“O Tigre segue o seu próprio caminho”
- Zen, Tamer of Purpose

Inicialmente, Zen, Tamer of Purpose parecia ser o mais fraco dos três heróis da nova coleção, por ter uma habilidade semelhante à de Katsu, the Wanderer, mas exigindo o pagamento com Chi, além de uma mecânica centrada em Crouching Tiger que não parecia tão impactante. Mas estávamos todos enganados.
O Nacional dos Estados Unidos — o maior Nacional de todos — revelou o verdadeiro poder de Zen. Utilizando Zephyr Needle para uma agressão máxima e cartas que não dependiam tanto da mecânica de Crouching Tiger, Zen passou a dominar todos os formatos construídos: Classic Constructed, Blitz e Living Legend.

Em conjunto com Art of War (2) a um custo quase nulo, Bonds of Ancestry (1) possibilitava turnos incrivelmente explosivos e consistentes para o Ninja. Graças à sua habilidade, era fácil encontrar todas as peças de combo para esses turnos massivos. Além disso, Traverse the Universe — um dos equipamentos mais fortes já lançados no jogo — fornecia o Inner Chi no momento ideal para executar o combo.
Um banimento tentou conter o poder do Ninja, mas não foi suficiente. Zen continuou vencendo nacionais e outros eventos, mantendo seu domínio durante toda a temporada de Part the Mistveil e eliminando diversos decks do competitivo. Ele também fez do Blitz um dos piores formatos para se jogar naquele momento.
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Com a chegada da “queima de livros” — um grande banimento de cartas — o Ninja foi duramente afetado. Nesse ponto, Zen já havia acumulado cerca de 600 pontos de Living Legend. Com tantas cartas banidas, sua estratégia mudou de um deck agressivo/combo para uma abordagem Midrange, usando cartas como Command and Conquer e Censor, e fazendo jogadas com mãos menores. Assim, ele sobreviveu até seu último suspiro competitivo, conquistando pontos "de grão em grão".
Zen foi, sem dúvida, um dos maiores erros de design da história do jogo. Sua estratégia explosiva tirou muitos decks do meta e tornou o FaB menos divertido por um período. Após os banimentos, o herói ficou mais equilibrado, mas mesmo assim, um conjunto de cartas poderosas como Chase the Tail e Aspect of Tiger: Body foi o suficiente para que o Ninja alcançasse o status.
Zen será eternamente lembrado pelos jogadores como um erro de design — mas ele não foi o único a nos deixar agora.
Enigma, Ledger of Ancestry
“Siga o caminho. Busque a verdade”
- Enigma, Ledger of Ancestry

Com a expectativa de ser o melhor deck do formato, Enigma estreou muito bem, vencendo alguns eventos logo nas primeiras semanas de Part the Mistveil, mas acabou sendo ofuscada por Zen. Ainda assim, conquistou vitórias pontuais em nacionais e outros torneios.
Foi na temporada de Rosetta, após os banimentos, que Enigma realmente decolou, acumulando cerca de 600 pontos de Living Legend e vencendo até mesmo o Mundial de Osaka.
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O que fez dela um dos melhores decks do Classic Constructed?
A classe Illusionist

Não é de hoje que a classe Illusionist causa problemas meta após meta. Apesar de Enigma não ser tão problemática quanto foi Prism, com suas auras com Spectra, ou Dromai, com seus dragões, as auras com Ward davam a ela duas grandes vantagens: prevenir dano e impedir que fossem alvo de ataques diretos.

Graças à sua Signature Weapon, Enigma permitia um estilo de jogo extremamente defensivo, enquanto atacava com suas auras a um custo muito baixo. Além disso, cartas como Astral Etchings (1) e Spectral Manifestations (1) transformavam um Spectral Shield em uma verdadeira ameaça.
Só com essa estratégia, a Illusionist já se tornava um pesadelo para classes como Warrior, Guardian e outros heróis de estilo Midrange.
Mas seu baralho ainda contava com um grande monstro — ou melhor, um grande dragão: Manifestation of Miragai.
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Manifestation of Miragai é uma das cartas mais poderosas já impressas no jogo. Uma aura azul que custa um Inner Chi (que pode ser buscado no deck com Traverse the Universe), previne quatro de dano e ameaça causar oito de dano (custando apenas um recurso para atacar) com go again. Ela é insana para um deck que consegue mantê-la em campo por muito tempo. Seu poder ainda podia ser amplificado com Astral Etchings (1) e Uphold Tradition.
Poucos decks conseguiam lidar com essa ameaça, e mesmo os que conseguiam precisavam de bastante esforço para retirá-la de jogo.
Enigma também era extremamente versátil. Teve versões mais agressivas com estratégias envolvendo Command and Conquer e Pummel (3); versões voltadas à fadiga, abusando de Count Your Blessings (1); e versões Midrange que usavam Phantasmaclasm e Scar for a Scar (1) para jogar com poucas cartas na mão.
Em todas essas variações, era um deck muito forte, sempre figurando entre os melhores do formato. Mesmo com a estreia de Aurora, Shooting Star, que parecia conter a Illusionist, Enigma dava a volta por cima e se mantinha no topo.
Com essa trajetória, Enigma se despede mostrando que a classe Illusionist ainda pode ser problemática para algumas classes. Apesar de ser a menos nociva entre suas colegas, provou ser tão eficaz quanto elas em seus respectivos metas.
E Nuu?
“Qual o seu desejo?”
- Nuu, Alluring Desire
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Apesar de Nuu ser a única heroína de Part the Mistveil ainda presente no formato, seus dias estão contados. Faltando pouco mais de 200 pontos para atingir o status, Nuu teve uma trajetória excelente, sendo um dos decks mais disruptivos da história do jogo.

Com um novo conjunto de cartas de Stealth, a classe Assassin nunca teve ferramentas tão boas quanto as de Part the Mistveil. Nuu, com sua habilidade, se tornava uma verdadeira ameaça para quem dependia de boas cartas azuis como Macho Grande (3) e Fruits of the Forest (3).
Além disso, seu alto poder de disrupção colocava decks agressivos em xeque. Bonds of Agony podia remover cartas poderosas do baralho adversário, enquanto a ativação recorrente da Mask of Recurring Nightmares tirava cartas da mão.
Com a adição de Count Your Blessings (1), a Assassin ainda podia adotar uma estratégia de fadiga. Decks mais defensivos, como o da Enigma, eram um desafio para Nuu, mas em um meta mais agressivo, pode ser o momento da heroína dar seus últimos passos — levando consigo toda a coleção Mystic para fora do Classic Constructed.
Com a saída desses dois heróis, podemos esperar uma grande reviravolta no meta, com decks antigos voltando a ganhar espaço.
Um novo Runeblade se aproxima
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Aurora já é o melhor deck do formato há algum tempo. Mesmo com a saída dos dois heróis, ela ainda possui bons confrontos, então não surpreende que continue como um excelente deck. Mas outro Runeblade pode ganhar destaque com essa mudança.
Se antes Florian, Rotwood Harbinger sofria contra Enigma, agora esse obstáculo não existe mais. Florian já vinha mostrando resultados promissores desde seu lançamento, e com uma de suas piores partidas fora do cenário, pode ser sua vez de brilhar como a nova ameaça do formato.
Com um excelente fim de jogo, Florian pode surgir como a força que “puxa o freio” do meta. Com cartas tão eficientes quanto Felling of the Crown e Plow Under, ele é um Midrange capaz de causar dano gradualmente até ativar sua habilidade e finalizar com Germinate.
A magia volta aos ares

Apesar de Aurora continuar sendo uma pedra no sapato dos Wizards, um meta sem Enigma pode trazer de volta alguns decks mais lentos — e os Wizards adoram esse tipo de jogo.
Enquanto Verdance e Oscilio são ótimos Magos de Batalha (em inglês, Battlemage) que se beneficiam de partidas mais longas, Kano também pode aproveitar esse momento para encontrar suas peças de combo com mais tranquilidade, sem a necessidade de jogadas desesperadas. Por isso, é possível que vejamos o ressurgimento da classe, agora mais livre da presença constante de Ward em campo.
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Ainda há uma Prism

Apesar da saída de Enigma, ainda resta uma Illusionist no formato. Prism, Awakener of Sol já vem se destacando desde o Pro Tour: London, e pode surpreender quem acha que as auras e Ward deixaram o cenário competitivo.
No entanto, sua ascensão pode atrair decks mais preparados para enfrentá-la. Além disso, ela pode ter dificuldades contra outros decks agressivos que continuam no formato, como Aurora, por exemplo.
Conclusão
E você, o que achou da saída de Part the Mistveil? O Flesh and Blood será melhor sem essa coleção?
Obrigado por ler até aqui e até a próxima!
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